Hoje vamos discutir alguns estudos recentes que investigaram a função, força e ativação muscular do complexo do ombro em praticantes de CrossFit. Este esporte de alta intensidade tem ganhado popularidade, mas também está associado a uma alta incidência de lesões no ombro. Vamos explorar os principais achados desses estudos e como podemos aplicar essas informações na prática clínica.
Incidência e Demografia das Lesões
Lesões específicas no ombro ocorrem a uma taxa de 1,94 lesões por 1000 horas de treinamento de CrossFit. O ombro é a articulação mais vulnerável durante o treinamento e competições de CrossFit, representando entre 19-39% de todas as lesões relatadas. Atletas masculinos têm uma taxa 2,8 vezes maior de lesões no ombro em comparação com atletas femininas.
Causas Comuns de Lesões no Ombro
Os levantamentos olímpicos e movimentos de ginástica, como press de ombro, snatches, pull-ups e muscle-ups, são os principais responsáveis pelas lesões no ombro devido às altas cargas e amplitude de movimento. O impingement (impacto) interno e externo é comum, especialmente em movimentos como jerk press, overhead press e snatch. O carregamento excêntrico excessivo pode causar falha nas unidades tendinosas musculares, e movimentos extrafisiológicos podem levar a microinstabilidade, subluxações ou luxações completas do ombro.
Diagnóstico e Tratamento
Uma pesquisa realizada em 13 “box” de CrossFit na Alemanha examinou 51 atletas com dor crônica no ombro. As patologias mais frequentemente detectadas foram lesões parciais do tendão supraespinal (49%), lesões labrais (21,6%), lesões parciais do tendão subescapular (17,6%), lesões de polia (17,6%) e lesões parciais do músculo infraespinhal (3,9%).
A maioria das lesões no ombro pode ser tratada de forma conservadora, com 93-97.4% dos casos não necessitando de cirurgia. Para os casos que requerem cirurgia, as lesões no manguito rotador são uma indicação comum, com uma taxa de retorno ao esporte de 100% após reparos artroscópicos. A reabilitação pós-cirúrgica inclui acromioplastia, tenodese do bíceps e ressecção da articulação acromioclavicular, com uma taxa de cicatrização de 78% após dois anos.
Aplicações Clínicas
Com base nos achados dos estudos, aqui estão algumas recomendações para a prática clínica:
1. Avaliação Funcional e de Força:
– Utilize testes funcionais como CKCUEST e UQYBT para avaliar a função do ombro em praticantes de CrossFit.
– Incorpore a dinamometria isométrica na avaliação inicial e no monitoramento do progresso dos pacientes.
2. Foco na Estabilização:
– Desenvolva programas de reabilitação que enfatizem a ativação dos músculos estabilizadores do ombro, especialmente o trapézio inferior.
– Inclua exercícios de fortalecimento isométrico para melhorar a força dos rotadores externos do ombro.
3. Prevenção de Lesões:
– Eduque os praticantes de CrossFit sobre a importância de uma técnica adequada e de um programa de fortalecimento equilibrado para prevenir lesões.
– Realize avaliações regulares para identificar e corrigir desequilíbrios musculares antes que se tornem problemáticos.
Conclusão
Esses estudos fornecem insights valiosos sobre a biomecânica do ombro em praticantes de CrossFit, destacando a importância da avaliação funcional, da força muscular e da ativação dos músculos estabilizadores. Ao incorporar essas práticas na nossa abordagem clínica, podemos melhorar a prevenção e o tratamento de lesões, ajudando nossos pacientes a alcançar um desempenho ótimo e seguro.
Espero que este post tenha fornecido informações úteis e práticas para a sua atuação clínica.
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