Skip to main content

Você já parou para pensar como está a sua força muscular em comparação com outras pessoas da sua idade? Ou por que ela tende a diminuir com o passar dos anos? Entender o que é considerado uma força muscular “normal” é essencial especialmente à medida que envelhecemos.\

A perda de força muscular esquelética relacionada à idade, chamada como dinapenia, é um comprometimento significativo que afeta a saúde e o bem-estar de pessoas idosas. A força muscular é vital para as atividades diárias, mobilidade e manutenção da independência. A força muscular está diretamente ligada à nossa capacidade de realizar tarefas cotidianas, manter a mobilidade e preservar a independência. Níveis baixos de força estão associados a maior risco de quedas, fraturas e outras complicações de saúde.

Mas como sabemos se a força muscular de alguém está “normal” ou se está apresentando declínio significativo? É aí que entram os dados normativos. O presente blog tem o objetivo de mostrar os dados normativos por meio de análise de artigos científicos.

O Objetivo: Estabelecer o Padrão de Referência para a Força dos Membros Inferiores

Um estudo recente buscou preencher uma lacuna importante na avaliação da saúde muscular: estabelecer valores normativos para a força e qualidade dos músculos dos membros inferiores em adultos de 20 a 97 anos. Esses dados são fundamentais para entender como o envelhecimento, lesões ou doenças impactam a força muscular ao longo da vida.

Embora a força de preensão manual (força das mãos) seja comumente usada como indicador geral de saúde muscular, ela nem sempre reflete a funcionalidade real do corpo. A fraqueza nos membros inferiores, por outro lado, está mais diretamente relacionada à mobilidade, ao equilíbrio e ao risco de quedas, sendo um indicador mais sensível da perda funcional associada ao envelhecimento.

Por isso, ter parâmetros específicos para a força das pernas e dos quadris ajuda profissionais da saúde a identificar precocemente declínios preocupantes e orientar intervenções mais eficazes.

Quem participou e como os dados foram coletados

Este estudo transversal incluiu 573 homens e 923 mulheres do sudeste da Austrália, participantes do Estudo de Osteoporose de Geelong (GOS). Um ponto forte significativo desta pesquisa é que os participantes foram selecionados aleatoriamente usando o registro eleitoral, que é obrigatório para adultos na Austrália, garantindo uma amostra altamente representativa, ao contrário de muitos estudos que dependem de amostras de conveniência de voluntários saudáveis ou atletas.

Como a força muscular foi medida

Os pesquisadores usaram um método preciso para medir a força muscular:

    • Um dinamômetro portátil, HHD, foi usado para obter medidas dos flexores e abdutores do quadril.
    • Eles empregaram uma técnica de “teste de ruptura”, onde o HHD registra a força máxima necessária para interromper uma contração isométrica.
    • Para força de flexão do quadril: Os participantes sentaram-se com os pés fora do chão. O HHD foi colocado 5 cm proximal à patela, e o examinador aplicou força para baixo enquanto o participante resistia.
    • Para força de abdução do quadril: Os participantes estavam em decúbito lateral, com a perna de teste elevada 20 cm acima do banco. O HHD foi posicionado 10 cm proximal ao maléolo lateral.
    • As medidas foram realizadas bilateralmente, em triplicado, e o valor máximo registrado (em kg) foi convertido para Newtons (N). É importante ressaltar que nenhuma estabilização externa (como tiras ou estruturas fixas) foi usada e os participantes receberam incentivo verbal.

Além disso, a massa magra das pernas foi medida usando absorciometria de raios X de dupla energia (DXA) , e a qualidade muscular foi calculada como força por unidade de massa magra (N/kg).

Principais descobertas sobre força e idade

Os resultados forneceram insights claros sobre como a força muda com a idade:

    • Para ambos os sexos, a força e a qualidade muscular diminuíram consistentemente com o avanço da idade.
    • A idade explicou uma parcela notável da variação na força muscular: 12,9–25,3% nos homens e 20,8–24,6% nas mulheres.
    • Curiosamente, a idade explicou menos a variação na qualidade muscular. O declínio da qualidade muscular relacionado à idade também foi menos acentuado e menos consistente em comparação com a força muscular.
    • O estudo encontrou correlações positivas fracas entre força muscular e massa corporal, altura e IMC. Isso é importante porque sugere que esses fatores por si só não explicam bem a força muscular, desafiando suposições comuns.

Compreendendo os T-Scores: O que eles nos dizem

O estudo também derivou pontos de corte equivalentes aos T-scores de -2,0 e -1,0.

    • Um T-score representa o número de desvios-padrão em que uma medição está abaixo da média de indivíduos jovens e saudáveis.
    • Um T-score de -2,0 é frequentemente usado como um ponto de corte crítico para indicar fraqueza muscular significativa, o que pode sugerir um risco de sarcopenia ou perda funcional. Um T-score de -1,0 indica desempenho abaixo da média, mas ainda não em um nível crítico.
    • É crucial compreender que neste estudo, esses T-scores foram calculados apenas usando dados de homens e mulheres jovens com idades entre 20 e 39 anos. Esses jovens adultos são considerados o “padrão ouro” em termos de força muscular.
    • Isto significa que os valores de corte para fraqueza significativa (T -2,0) ou desempenho abaixo do ideal (T -1,0) não estão disponíveis para todas as faixas etárias, apenas para esta faixa de referência para jovens adultos. Na prática, isso limita o uso direto desses T-scores para indivíduos mais velhos ou populações clínicas.

Considerações importantes e o resultado final

Embora esses dados normativos sejam incrivelmente úteis para quantificar a extensão da dinapenia e da má qualidade muscular na população em geral, especialmente no contexto de fragilidade e sarcopenia, é importante ter algumas ressalvas em mente:

“Cuidado com os valores normativos!”

    • As fontes enfatizam que os valores normativos, embora úteis como referências populacionais, não levam em conta variáveis clínicas críticas, como histórico de lesões, doenças crônicas, nível de atividade física, composição corporal ou objetivos funcionais específicos de um indivíduo..
    • Confiar apenas nas médias populacionais pode levar a interpretações imprecisas , potencialmente subestimando ou superestimando a condição muscular real de uma pessoa.
    • melhor comparação para a força muscular de um indivíduo é sempre com ele mesmo ao longo do tempo e dentro de seu próprio contexto funcional.

Apesar destas considerações, os pontos fortes do estudo incluem a seleção aleatória dos participantes e a utilização de medidas objetivas de força muscular e massa magra. No entanto, as limitações potenciais incluem a possibilidade de desempenho abaixo do ideal do participante ou fadiga, e que a massa magra derivada de DXA pode não capturar perfeitamente todos os aspectos da composição muscular.

Em conclusão, esta pesquisa fornece dados de referência valiosos sobre a força e a qualidade muscular dos membros inferiores, oferecendo um parâmetro para compreender o declínio relacionado à idade. No entanto, ao avaliar um indivíduo, lembre-se sempre de que sua jornada e progresso pessoal são as medidas mais importantes de todas.

Referência

PASCO, JA; STUART, AL; HOLLOWAY-KEW, KL; TEMBO, MC; SUI, SX; ANDERSON, KB; HYDE, NK; WILLIAMS, LJ; KOTOWICZ, MA Força muscular dos membros inferiores: dados normativos de um estudo observacional de base populacional. , v. 21, art. 3098, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1186/s12891-020-3098-7 . DOI: 10.1186/s12891-020-3098-7.

Leave a Reply