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A escolha entre manipular e mobilizar na prática clínica é um tópico de grande relevância para profissionais de saúde que lidam com dor. A decisão sobre qual técnica utilizar pode ser complexa, mas um teste sensorial pode fornecer informações valiosas para guiar essa escolha. Portanto, neste post, vamos explorar como o conceito de somação temporal pode influenciar essa decisão e discutir as evidências científicas que suportam essa abordagem.

O Que é Somação Temporal?

A somação temporal é um fenômeno onde estímulos repetidos em um curto período de tempo resultam em uma amplificação da percepção da dor. Este processo é particularmente relevante em condições de sensibilização central, onde o sistema nervoso se torna hiper-reativo a estímulos dolorosos. Em termos simples, é como se o “volume” da dor aumentasse com cada estímulo repetido.

Assista o vídeo sobre como realizar a somação temporal no seu paciente.

Manipulação vs. Mobilização: Qual Escolher?

A manipulação espinhal e a mobilização são técnicas frequentemente utilizadas, mas elas têm mecanismos de ação diferentes. A manipulação envolve um impulso de alta velocidade e curta duração, enquanto a mobilização é uma aplicação mais suave e sustentada de força.

Facilitação da Somação Temporal

Em casos onde há facilitação da somação temporal, o paciente tende a sentir mais dor com estímulos repetidos em um determinado ponto. Estudos, como o mencionado no artigo de Randoll et al. (2017), indicam que a manipulação espinhal pode ser mais eficaz nesses casos. A manipulação foi capaz de diminuir a somação temporal da dor nas costas, sugerindo que ela pode ajudar a “desligar” a amplificação dolorosa que ocorre com estímulos repetidos. Portanto, em pacientes com facilitação da somação temporal, a manipulação é preferível à mobilização, pois esta última pode potencialmente piorar o quadro álgico.

Somação Temporal Normal

Para pacientes com somação temporal normal, onde não há amplificação significativa da dor com estímulos repetidos, tanto a manipulação quanto a mobilização podem ser eficazes. A escolha entre uma técnica e outra pode então ser baseada em outros fatores, como a preferência do paciente, a experiência do profissional e a natureza específica da condição clínica.

Uso de Algômetro na Avaliação da Somação Temporal

O algômetro é uma ferramenta valiosa na avaliação da somação temporal. Ele permite a aplicação de estímulos mecânicos controlados e a medição precisa da resposta de dor do paciente. Ao utilizar um algômetro, o profissional de saúde pode aplicar uma série de estímulos de pressão em um ponto específico e registrar a intensidade da dor relatada pelo paciente. Portanto, isso ajuda a identificar se há uma facilitação da somação temporal, onde a dor aumenta progressivamente com estímulos repetidos.

Vantagens do Uso de Algômetro:

Precisão: Permitem a aplicação de estímulos de pressão controlados e repetíveis.

Objetividade: Fornecem dados quantitativos sobre a resposta de dor do paciente.

Avaliação Dinâmica: Podem ser usados para monitorar mudanças na somação temporal ao longo do tempo ou em resposta a intervenções terapêuticas.

Evidências Científicas

O estudo de Randoll et al. (2017) fornece evidências robustas para essa abordagem. Em sua pesquisa, foi demonstrado que a manipulação espinhal diminuiu a somação temporal da dor nas costas em comparação com uma sessão de controle. Em contraste, a mobilização leve não teve um efeito significativo na somação temporal da dor. Esses achados sugerem que a manipulação pode ser uma intervenção mais eficaz para pacientes com facilitação da somação temporal.

Conclusão

Por fim, a decisão entre manipulação e mobilização deve ser informada por uma avaliação cuidadosa da somação temporal do paciente. Em casos de facilitação da somação temporal, a manipulação espinhal é geralmente mais indicada, enquanto que em casos de somação temporal normal, ambas as técnicas podem ser eficazes. Utilizar um teste sensorial, como o uso de algômetros, para avaliar a somação temporal pode, portanto, ser uma ferramenta valiosa para guiar a escolha da intervenção mais apropriada, melhorando assim os resultados clínicos e a satisfação do paciente.

Referências

RANDOLL, Christopher et al. The mechanism of back pain relief by spinal manipulation relies on decreased temporal summation of pain. Neuroscience, [S.L.], v. 349, p. 220-228, maio 2017. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.neuroscience.2017.03.006.

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