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Você sabe o que é a relação isquiotibiais/quadriceps? A famosa relação I:Q de agonismo e antagonismo muscular? Segue o fio…

Todo movimento terá músculos agonistas como sendo os principais responsáveis pela geração de torque e antagonistas que ajudam no controle e estabilização do movimento (junto aos sinergistas). A relação numérica desses músculos é chamada de Relação Agonista/Antagonista, sendo nada mais que a divisão de força/torque entre eles.

Assim, por consequência, é um dado possível de ser coletado em qualquer movimento executado. Porém, a relação agonista/antagonista mais bem estudada é a relação entre a força de isquiotibiais e quadríceps, a relação IQ.

Vamos à um exemplo:

Grupo muscularDireito (D)Esquerdo (E)
Isquiotibiais15Kgf17Kgf
Quadríceps33Kgf31Kgf

Relação I:Q à direita: 15/33 = 0.45 (apresentação usual) ou 45% (apresentação em percentual)

Relação I:Q à esquerda: 17/31 = 0.55 ou 55%

Portanto, nesse exemplo, isso significa que a força de isquiotibiais à esquerda equivale à 55% da força de quadríceps do mesmo lado (ipsilateral).

Mas atenção!

Isso não quer dizer que o quadríceps é 55% mais forte ou mais fraco! É um erro conceitual comum, a matemática simplesmente não bate:

17 + 55% de 17 = 23.35
31 – 55% de 17 = 21.65

Então, muito cuidado na hora de interpretar o valor apresentado.

Então, qual o valor esperado ou ideal da relação isquiotibiais/quadriceps (IQ)?

A resposta mais correta seria: DEPENDE.

Diversos fatores podem alterar os valores gerados de força, tanto para os flexores quanto extensores de joelho, como por exemplo: o tipo do dinamômetro (isocinético ou isométrico), o ângulo utilizado para medição, o posicionamento do indivíduo que está sendo avaliado (sentado ou em decúbito ventral, por exemplo). Além disso, fatores intrínsecos ao sujeito também podem ser importantes, como nível de atividade física ou modalidade esportiva.

Porém, vamos ao que temos de consenso. A curva abaixo é uma curva “padrão”, esperada, de um exame de força muscular com um dinamômetro isocinético:

Os gráficos representam a curva de torque gerada no decorrer de toda a amplitude de movimento. As duas superiores mostram a evolução do torque do quadríceps e as inferiores dos isquiotibiais. Note que o ponto máximo da curva de torque do quadríceps, nesse exemplo, ocorre por volta de 70 graus de extensão de joelho, enquanto para isquiotibiais próximo à 20 graus. As angulações esperadas de pico de torque para extensores e flexores de joelho, segundo a maioria das literaturas é, respectivamente, 60° e 30°.

Fazendo a divisão dos agonistas – padronizado como sendo os isquiotibiais, pelo antagonista – quadríceps – em uma avaliação isocinética, que identifica com exatidão o pico de torque, o valor esperado dessa relação é algo em torno de 0.60 ou 60%. Algumas literaturas trazem como ideal uma relação entre 0.50 e 0.60. Portanto, isso quer dizer que a força esperada de isquiotibiais é 60% da força de quadríceps do mesmo lado.

Relação isquiotibiais/quadriceps na prática:

Nessa situação, quando se obtém escores acima de 0.60, isso significa que os isquiotibiais estão fortes demais em relação ao quadríceps, ou que os últimos estão enfraquecidos. Caso os escores forem abaixo de 0.50, o inverso é verdadeiro, temos, nesse caso, quadríceps fortes demais em relação aos isquiotibiais, ou os isquiotibiais muito fracos.

Porém, quando trabalhamos com dinamômetros isométricos, as coisas mudam um pouco de figura. Como é uma avaliação estática, mesmo utilizando as angulações esperadas de pico, não há como ter total certeza que essa é, sem sombra de dúvida, a angulação de maior geração de torque para esse indivíduo. Afinal, temos a questão da individualidade biológica. Além disso, obviamente, dependendo da angulação preferida o valor de força irá mudar. Apesar da angulação de pico de força de quadríceps ser estimada em 60 graus, não é conceitualmente errado utilizar outras. Por exemplo, dependendo da situação uma avaliação em 90 graus de flexão, tanto para extensores quanto flexores de joelho, vai ser muito mais prática e rápida de ser executada.


Utilizando dinamômetros isométricos:

Observe o gráfico abaixo:

Esse estudo (Kong P & Burns S, 2010) verificou o resultado da relação isquiotibiais/quadriceps em diferentes angulações utilizando um dinamômetro isométrico. Note que, quanto mais flexionado o joelho (laranja), menor o resultado esperado da relação; quanto mais estendido (vermelho), maior. Essa variação é natural e esperada, logo, se você avaliar à 90 graus de flexão, dificilmente irá encontrar relações ditas como ideais (próximas de 0.60) e isso é absolutamente normal. De modo geral, recomendamos aos nossos clientes um range de normalidade entre 0.45 à 0.60 (45% a 60%), de acordo com o que temos na literatura atual.

Então, muito cuidado na hora de interpretar o resultado da relação I:Q, vários fatores podem mudar a força/torque e isso deve ser levado em consideração.

O mesmo acontece com outras articulações. Como falamos previamente, praticamente todos os movimentos vão ter músculos agonistas e antagonistas, analogamente, essas relações também podem ser analisadas. Contudo, algo a ser levado em consideração é que há uma certa escassez de dados para esses outros movimentos. Portanto, é uma métrica à ser explorada por instituições de ensino e grupos de pesquisa para que possamos utilizar em ambiente clínico com maior precisão, tanto que não colocaremos nesse material mas você pode encontrar alguns artigos na nossa página de repositório.

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Luis Perdona

Sócio fundador da Medeor, fisioterapeuta e idealizador do SP Tech: dinamômetro e algômetro de pressão. Buscando aprender sobre tecnologia, mantendo por essência o foco na saúde.

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